PDV em Segunda Pessoa

Olá pessoal

E hoje vamos desvendar os mistérios por trás da escrita com o ponto de vista em segunda pessoa.

Talvêz, você nunca tenha ouvido falar ou nunca olhou a fundo essa forma de narrativa. Uma, por que ser difícil de usar e outra, por não saber nem por onde começar.

Mas eu estou com vocês nessa.

Realmente o ponto de vista em segunda pessoa não é muito encontrado em histórias de ficção. Você pode encontrar este ponto de vista mais facilmente em contos, mas ela impera mais em livros não-fictícios, que são focados em trazer para o leitor conteúdos didáticos de sua preferência, como um livro sobre dietas, por exemplo.

Mas o Que Define PDV em Segunda Pessoa?

Essa forma de escrita é utilizado para contar a história usando o leitor como ponto de, utilizando muito o pronome você e seu. Ou seja, VOCÊ é o protagonista da história.

Exemplo:

Você tentou contar a ela, da melhor forma que pode, o que era ser como você. Você descreveu os sentimentos que sempre teve de se sentir deslocado, de sempre ficar de um lado em você mesmo, descreveu você olhando para o mundo mesmo você estando nele e imaginando se é dessa forma que todos se sentiam. De que você sempre acreditou que outras pessoas tinham uma idéia mais clara do que estavam fazendo, e não se importavam muito o porque faziam.

trecho bright lights, big city
Trecho de Bright lights, Big City por Jay McInerney.

No tracho acima é claro a utilização execiva do pronome VOCÊ, trazendo o leitor para uma posição mais pessoal com a história. Trazendo o leitor pra chincha por ter a responsabilidade do resultado da história.

Vantagens

  1. Se sua intenção é fazer com que seu leitor se sinta parte de sua história, então beyond 2soulsescrever em segunda pessoa pode ser uma boa sugestão. O leitor se torna o personagem da história e é fundamental para a tomada de decisões. Pare e pense: O que seria das histórias em jogos de vídeo game se não houvesse o ponto de vista em segunda pessoa? As escolhas do jogador sejão fundamentais para o desenrolar da história, inclusive (e essa é a parte que mais adoro em jogos em segunda pessoa), o próprio resultado da história. Um bom exemplo, é um jogo chamado de Beyond Two Souls (uma  história emocionante) onde o fechamento pode mudar dependendo do que você escolher, por que afinal, você é a personagem principal. 
  2. Se você é fã de contos, tente escrever um em segunda pessoa. Por serem curtos, o leitor tem a possibilidade de experienciar o que é ser outra pessoa sem se preocuparem de ter que ler uma ficção longa, o que pode cansá-lo rapidinho.
  3. Escrever contos eróticos em segunda pessoa proporciona delírios e suspiros no conforto de sua cama (se é que você me entende). Se você escreve erótica e quer que seu leitor tenha uma experiência mais pessoal com seu livro, então escrever em segunda pessoa é uma ótima opção e você vai ouvir os gritos de longe (olha eu usando de segunda pessoa para persuadir você a escrever).
  4. Escrever em segunda pessoa pode ser usado como ferramenta para experimentar seus personagens e narrativa. Se colocando nos sapatos do seu personagem te ajudará a pensar em como ele agiria em tal situação. Sem contar que o tornará mais real e pé no chão.

Desvantagens

  1. Escrever em segunda pessoa é um dos pontos de vista mais difíceis de se escrever e o motivo é o mesmo do primeiro ponto positivo acima: o leitor é o personagem principal.  Criar um personagem em que seu leitor queira ser e permanecer sendo até o final da sua história não é tão fácil. Se você criar um personagem que é de uma forma no começo e que sofra uma mudança drástica do meio para o fim, você pode fazer seu leitor perder o interesse e largar o livro.
  2. Crar um personagem único e universal. Você não quer que seu leitor ao virar a segunda página diga: Mas eu nunca diria isso ou faria aquilo ou pensaria assim. Encontre uma forma de fazer o leitor imergir dentro do personagem sem  transofmá-lo da água para o vinho de uma hora pra outra.
  3. Ninguém gosta de receber ordens de como fazer (ou pensar) as coisas, e quando você escreve em segunda pessoa, é exatamente isso que você está fazendo com o leitor: mandando nele. E isso pode ser um fator que fará um leitor não escolher seu texto em segunda pessoa. E escrever um texto em segunda pessoa que não demonstre esse tipo de sensação para o leitor são outros quinhentos.
  4. Quanto maior a história maior a dificuldade de manter o leitor imergido dentro dessa perspectiva. Sem contar na mudança do personagem criado ao decorrer da história, podendo desenteressar o leitor.

Alguns livros e coletâneas de contos são:

  • On Being Told That Her Second Husband Has Taken His First Lover por Tess Slesinger – Contos
  • Bright lights, Big City por Jay Maclnerney – Romance
  • Self-Help por Lorie Moore – Contos
  • If on a winter’s night a traveler por Italo Calvino – Contos
  • How to babysit a grandpa por Lee Wildish – Romance com imagens.

Sim! Não briguem comigo por que todos são em inglês. Não consegui encontrar nenhum desses em português. Se vocês souberem de alguma obra em segunda pessoa que seja em português ou talvez você mesmo escreva em segunda pessoa, deixe nos comentários abaixo. Eu adoraria lê-los.

Semana que vem!

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Vamos  falar sobre como foram esses últimos três meses de blog! Com uma pequena retrospectiva e as coisas que estão por vir!

Até lá!

Escreva feliz!!

Resenha de Destinos Traçados

DT Ebook

Hoje a resenha é do livro da minha amiga e parceira Daniella Moreno com sua obra de arte Destinos Traçados. Publicado de forma independente em 2017.

Por enquanto, está escrito somente em português, porém versão em inglês jájá estará disponível. Aliás, sou eu quem está o traduzindo!

Se te interessar é só clicar nesse link aqui .

A história se passa em Napoli, Trento (cenários maravilhosos) e principalmente no vinhedo de Trento. (ui!) 

São dois personagens principais: Greta, uma garotinha que amava desenhar, se muda para Napoli depois de um trauma, deixando a família e o amor de sua vida para trás, tornando-se uma estilista famosa de bolsas e sapatos, mas com medo de ser exposta à midia mudou seu nome e criou até um contrato de sigilo para proteger sua identidade e processar qualquer um que exponha seu nome verdadeiro, foto ou qualquer tipo de informação que a comprometa; E Filippo, o menino que amava tirar fotos dos desenhos de Greta, depois de ser deixado pelo amor de sua vida, sem qualquer explicação, se fecha para o amor e resolve cursar uma faculdade na Alemanha para ser um fotógrafo profissional.

O destino os trazem para perto novamente para resolverem seus passados e reencontrarem o amor.

A história lida com abuso sexual, e suas consequências, traição, românce e sobre tudo, família.

O tempo da história é alinar com aluguns flashbacks.

Os personagens auxiliares (secundários) são Giovanna, Lorenzo, Enzo, Nina, amigos dos principais e Ana e Bernardo, pais de Greta e Matia e Fiorella, pais de Filippo.

Pontos Fortes

Os peraongens são bem arredondados. Consigo até imaginar como seria a vóz de Greta e de Filippo. Gosto muito da sensação de que estou lá observando pessoalmente o que está acontecendo e a escritora soube trazer essa sensação direitinho.

Falando de cenário? Não tenho nem o que dizer por que é lindo! Amo a Itália. Amo vinho. Amo macarrão. Fim de comentário.

A cena de abuso é bem detalhada, o que dá vontade de chorar (com um bom sentido). Greta conta cada detalhezinho que ela lembra como se consumisse sua vida, péle e ossos dela. Agora, as cenas de amor, são mais singelas e românticas. Acredito que tenha sido um toque especial da escritora para mostrar como o sexo é lindo quando se tem amor.

Pontos Fracos

Na primeira parte da obra, antes de iniciar a narração ou no começo de um capítulo novo, a escritora colocava o nome de quem estaria narrando em seguida, como se avisando ao leitor que agora não é Greta, agora é Filippo; Mas com o decorrer da obra comecei a notar que essa demarcação havia sumido. Então, quando começava um capítulo, as vezes me confundia com os pontos de vista dos personagens, (só um poquitíco) não sabia quem estava falando àquela hora, mas essa confusão já era sanada depois da segunda frase, que era quando notava o linguajar do personagem e descobria o narrador.

Isso não é considerado um ponto fraco, na verdade. Inclusive, é uma tática chamada de head-hopping (pulando de cabeça-para-cabeça), uma técnica de mudança de ponto de vista, que não visa mencionar o nome do peronagem que está narrando, com o intuito de criar uma experiência emocional poderosa (soa um pouco melhor em inglês) para o leitor.

Não é muito empregada hoje em dia devido a essa possível confusão que pode ser criada na mente do leitor. Não estou dizendo que essa técnica é ruim, só estou dizendo que é preciso se ter personagens bem definidos, vózes bem definidas para diminuir a possibilidade de confusão.

Enfim, como disse antes: não é um ponto tão fraco assim, é só o fato de que nesse caso gerou em mim um pouco de indecisão e também, não sou muito fã da tática. Talvez, por falta de ler histórias que as usa.

Público-alvo

É uma ótima história para maiores de 18 anos devido às partes fortes e cenas de sexo.

Se você é romântico(a) de carteirinha e quer ler um livro para te inspirar e fazer chorar? Tá aqui: leia Destinos Traçados que você vai gostar!

Observacao Final

Bom, como um todo, a história é linda, o cenário é lindo. Os personagens são redondos. Quero dizer, são bem destintos e destinguiveis. A narração de Greta é diferente da narração de Filippo o que diminui ainda mais aquela confusão que eu sentia com o head-hopping.

A história em si, é bem fechadinha. Não encontrei nenhuma incoerência de narração nem pontos mal resolvidos.

Próximo Post!

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Vamos voltar à série Pontos de Vista e falaremos tudo a respeito do PDV em Segunda pessoa!!!

Até lá!

Escreva Feliz!!!